O minibásquete é o meu universo, mas não é, nem nunca foi, um universo fechado. Sempre procurei ter uma visão global da modalidade. Duas coisas me mobilizam no universo do minibásquete, primeiro e o mais importante: as crianças e a riqueza e contributo
que esta atividade pode trazer para a sua socialização, educação, crescimento e desenvolvimento. A segunda, a importância e papel que o minibásquete tem no crescimento e desenvolvimento da modalidade. Aqui é minha convicção, que a principal função do minibásquete é a captação e fidelização de praticantes, treinadores, árbitros e dirigentes. Sim dirigentes, penso que deveria ser feito um estudo e um levantamento de quem são os dirigentes, nomeadamente na formação e o que os levou a dedicarem tanto do seu tempo à modalidade. Não conheço nenhum estudo feito nesse sentido, mas diz a minha perceção que a grande maioria nasceu para a modalidade através dos filhos que jogam ou jogaram minibásquete.
Não duvido, que no discurso há uma enorme unanimidade sobre a importância do minibásquete. Contudo uma coisa é o discurso e outra é a prática. Sobre as estratégias e os caminhos a seguir para o crescimento e desenvolvimento do minibásquete já essa unanimidade não é evidente. Embora esteja sempre disponível para essa discussão sobre este tema, penso que, este também deveria ser objeto de um estudo, que fundamentasse o caminho a seguir. Eu tenho uma experiência de mais de 20 anos no terreno em que percorri o país de norte a sul e ilhas, que fundamentam o meu pensamento, mas estou consciente que são convicções, nunca me achei dono da verdade.
O minibásquete é essencial para o basquetebol, mas uma modalidade só se desenvolve se houver uma perspetiva global das diversas vertentes e um rumo claro. Há sempre contributos para melhorarmos a qualidade da modalidade. Contudo há discussões para as quais sinceramente já não tenho muita paciência e na qual a modalidade e os seus agentes desgastam muito do seu tempo e argumentos, e que praticamente se repetem todos os anos e que uma vez mais estão sobre a mesa e que são: O número de estrangeiros e o número de jogos por competição, a discussão se a Proliga deve ou não, ser dividida em norte e sul.
A título de exemplo, há mais de 25 anos era eu treinador dos seniores do Atlético, no que era então a atual Proliga e já esta discussão com avanços e recuos estava sobre a mesa. Um dos motivos pelo qual eu já não tenho paciência é porque nestas discussões, salvo algumas exceções, não está normalmente o interesse da modalidade em discussão, mas interesses pontuais. Nunca me hei de esquecer da discussão em torno da liga profissional, envolvendo inclusivamente o Conselho Superior do Desporto, para o alargamento da competição da extinta liga profissional para 16 clubes, para passados poucos anos a liga apenas ter 8 clubes e depois se extinguir.
Sei que é um tema que não é do agrado de muita gente, no entanto continuo a pensar que o que seria verdadeiramente estrutural e que eu gostaria que houvesse coragem de discutir era a uma nova divisão geográfica e administrativa do basquetebol. Era, uma vez mais, a modalidade, que tanto se gaba de ter sido pioneira em tantos temas, assumir um papel inovador no universo do desporto. Penso que dessa nova divisão, fora do paradigma distrital, que já não tem sentido nos dias de hoje, beneficiaria a modalidade em geral e o minibásquete em particular.