Uma de " As Coisas Simples do Basquetebol" não é, para mim, por certo, escrever um depoimento sobre o autor da obra citada.
Mas este foi um desafio que me fizeram e que, obviamente, não posso recusar. Porque o treinador e, mais ainda, a pessoa e amigo que habitam o Prof. Jorge Adelino, mo exigem.
Se é tão obvio o que acabo de escrever, porque digo que não é uma coisa simples?
Tento explicar: Dizer todas as verdades sobre as várias facetas do Jorge é algo que não arrisco, face ao perigo de ver um amigo "zangar-se" comigo. Isto porque dizê-las obrigaria a colocá-lo num alto pedestal enquanto treinador, formador, autor e pessoa, coisa que por certo o incomodaria.
Se alguma coisa sempre caracterizou este companheiro foi a "fuga" aos holofotes da fama, mantendo-se permanentemente reservado na sua modéstia, desempenhando tarefas que não projetam ninguém para as páginas dos jornais.
Por isso sempre foi treinador de formação (se a memória não me atraiçoa, fez apenas um ano com a equipa sénior do Algés, regressando, de imediato, aos "seus" jovens), tendo mais que bagagem para se aventurar na guerra da alta competição.
Também por isso, profissionalmente, "teimou" sempre em ser um sóbrio técnico superior da divisão de Formação da DGD, quando poderia (e digo eu, deveria) ter sido o seu chefe, por ser quem, na minha opinião, tinha mais qualificação para tal, neste país.
E muito, muito mais, se poderia dizer de áreas onde colaborou (ANTB; ENB; Clubes; Seleções Nacionais), sempre reservado, sempre deixando outros assumir os ditos cargos importantes. Mas mais não digo, porque não quero correr o tal risco de ver um enorme amigo ficar melindrado com elogios que escreva.
Retira esta sua atitude algum brilho à sua carreira? De modo algum. Julgo ser consensual que o Prof. Jorge Adelino é um dos treinadores mais prestigiados deste país, por mais que ele ache isto um exagero.
Tive a felicidade de trabalhar com o Prof. durante cinco anos no Sport Algés e Dafundo. Esta experiência permitiu-me fundamentar tudo o que disse (e o muito que não digo), atendendo ao prestígio, admiração, companheirismo e amizade que descobri que granjeava naquele clube, e, não menos importante, o muito que aprendi com ele, um treinador de formação a quem eu, como treinador de seniores femininos, muito fiquei a dever sobretudo na área do planeamento do treino. Por isto lhe devo um muito obrigado.
Tive também a felicidade de ele ter aceitado ser o metodólogo da formação de treinadores de Nível I, produzindo o seu manual, definindo toda a orientação. Sem tal colaboração a minha função de director da ENB teria sido muito mais pobre. Por isso lhe devo outro muito obrigado.
Não sei se o Jorge Adelino é uma lenda do nosso basquetebol. Sei que é, sem dúvida, alguém que iluminou de uma forma intensa a formação desse mesmo basquete. Por isso todos nós, do basquetebol, lhe devemos o reconhecimento que se deve a todos aqueles que, tendo muito, o oferecem sem procurar nada em troca.
Comentários