Caros leitores, vamos a mais um exercício de 1x1 em campo inteiro! Na última jornada, houve um empate nas previsões.

Ambos conseguiram 7 pontos fruto de grande acerto nas previsões das equipas vencedoras. Nas previsões individuais, apenas Daniel Monteiro conseguiu um acerto ao apontar Gregory Stempin como MVP do jogo da semana entre Guimarães e Porto.

Nesta jornada há um clássico do nosso basquetebol. O Benfica-Porto é naturalmente o jogo da semana. Mas temos previsões para todos os jogos!

Resultados da 8ª jornada

Opinião

Espaço do treinador

Promoção precisa-se! O nosso basquetebol está a atravessar uma fase de menor fulgor. Esperemos que seja apenas isso e que possamos recuperar a qualidade e a popularidade que já tivemos em tempos não muito distantes.

A promoção do jogo é quase inexistente em Portugal. Desapareceram os jogos em canal aberto na televisão e o espaço nos jornais é cada vez menor. Ultimamente, temos visto algumas páginas dedicadas ao basquetebol, mas devido a polémicas institucionais na Federação. Não é este tipo de notícias que levam à melhoria do jogo.

Estando em semana de Benfica-Porto, não deveríamos estar a promover este jogo de maneira muito mais exaustiva? Porque não um especial no site da Federação com entrevistas a jogadores? Falar com velhas glórias de ambos os clubes. Recordar antigos clássicos. Relembrar a final da época passada que só se decidiu no sétimo jogo.

Nos últimos anos tivemos duas vezes num Europeu e, parece-me que o consenso nesta matéria é total, nunca conseguimos transformar estas óptimas realizações desportivas em espaço mediático condizente. Em 2007 não fomos capazes de “aproveitar o balanço” de um nono lugar no Europeu de Espanha e agora voltamos a cometer os mesmos erros.

Se os canais comunicacionais tradicionais (TV e jornais) são de difícil penetração, temos que ser muito fortes na internet. Há que criar uma estratégia global de crescimento neste espaço. Há algumas iniciativas pontuais tanto da Federação, como de Associações como de alguns clubes. Mas é necessários que os agentes se juntem, liderados pela Federação, e elaborem uma estratégia global e integrada que inclua transmissão de jogos com qualidade, um site mais moderno e funcional e bons espaços nas redes sociais.

No Clinic da Associação do Porto, tive a oportunidade, juntamente com os meus colegas da Associação de Treinadores António Paulo Ferreira e Ricardo Vasconcelos, de conversar com o grande treinador espanhol Aito Garcia Reneses. A certa altura perguntámos quais as razões do crescimento do basquetebol espanhol na década de 80. A sua resposta foi a seguinte: “A iniciativa privada é essencial. Se estamos à espera que os organismos públicos tomem iniciativas, que a federação organize, é possível que isso aconteça. Mas não podemos estar de braços cruzados à espera que isso aconteça. Temos que ser nós a tomar a iniciativa.

Quando diversos clubes e cidades se juntam e tentam criar uma organização, esta pode ter resultados positivos. Foi o que aconteceu com a Liga ACB. Queriam trabalhar numa estrutura melhor e ter mais condições de desenvolvimento. Um ou dois sozinhos não conseguiriam, mas juntou-se um grupo alargado e cada um deu os seus contributos.”

Basta seguir o exemplo…

Espaço do jogador

Pode-se falar de carreira de jogador de basquetebol em Portugal?

Pode-se sempre, agora temos que pensar em que termos.

Se há 10 anos inumeros eram os atletas que seguiam a sua carreira profissional de jogador de basquetebol e conseguiam realmente prespectivar algo de positivo a médio prazo, hoje em dia, é extremamente dificil a um jovem atleta atribuir a dedicação necessária que possivelmente seria necessária para poder alcançar esse patamar.

Se olharmos com atenção para a nossa liga, os atletas que podem realmente ser considerados profissionais de basquetebol em Portugal são basicamente os mesmos de há 8-10 anos atrás com algumas raras excepções pelo meio. Por alguma razão fomos a selecção mais envelhecida no último Eurobasket.

Nos tempos que correm faz muito mais sentido abordar a carreira desportiva como um complemento à carreira académica e profissional. Todos sabemos que é muito mais dificil conciliar tudo, mas as perspectivas a médio e longo prazo são muito mais favoráveis.

Acredito que se realmente houver talento e muito espirito de sacrificio, um atleta pode tentar ir até aos nossos vizinhos espanhois e tentar construir lá uma carreira um pouco mais estável, mas sempre com atenção à vida académica. Nos dias que correm, sacrificar um ano de estudos pode significar perder entrada no mercado de trabalho durante muito mais tempo.

Se o nosso país nunca foi grande e o número de oportunidades muito extenso, o desaparecimento da primeira liga de equipas como o Queluz, Seixal, Belenenes, Penafiel, Gaia, Montijo, Leiria, Portugal Telecom e Aveiro Basket, assim como o aumento do número de jogadores estrangeiros e jogadores naturalizados não vem ajudar em nada.

Não estou a dizer que não se deva ir atrás do sonho de jogar basquetebol e de se divertir a jogar no nível mais elevado que conseguir alcançar. Apenas me estou a referir que é cada vez mais importante ter os pés bem assentes no chão e conciliar estudos e trabalho com o basquetebol.

Existem já alguns exemplos de clubes que conseguem proporcionar aos seus atletas bolsas de estudo ou emprego de acordo com a sua área de formação. Possivelmente será esse o caminho a seguir de agora em diante.

Treinador vs Jogador

Obrigado e deixem os vossos comentários sff

Abraços

Vasco Curado (@vcurado) e Daniel Monteiro (@DanielMonteiro4)