Madeirense, base, alma e liderança são alguns dos atributos que melhor o caracterizam. Venha conhecer o base internacional português Mário Fernandes.
No último campeonato da LPB, Mário Fernandes foi um dos melhores bases portugueses da competição, obtendo grandes números individuais e conduzindo o CAB Madeira aos playoffs. As suas boas exibições valeram-lhe o convite do FC Porto. No entanto, após ter assinado contrato com os dragões, a desistência do clube nortenho deixou o seu futuro em aberto.
O Planeta Basket falou com o base da seleção portuguesa para saber algo mais sobre o seu futuro e sobre os seus próximos objetivos.
Mário, obrigado por teres aceite este nosso convite. Com que idade começaste a jogar basquetebol e quem te influenciou a seguir nesta direção?
Comecei a jogar por volta dos 6 anos mas costuma-se dizer na família que já nasci com a bola de basquete nas mãos. Nasci em 82, poucos anos antes, em 79, o meu pai, os seus irmãos e alguns amigos tinham fundado o CAB, pelo que desde cedo fui "arrastado" para o basquete.
Com que idade disputaste o teu primeiro jogo com a equipa sénior do CAB? Quem era na altura o treinador da equipa?
Não me lembro ao certo, talvez 17 ou 18. Foi no Pavilhão do CAB contra o Gaia e o treinador era o Jorge Henriques.
Estiveste dois anos a competir em Espanha. O que aprendeste por lá enquanto jogador e o que mais te marcou nessa experiência no estrangeiro?
Penso que melhorei bastante a nível ofensivo. Até então no CAB Madeira, embora jogasse muito tempo, nunca fui uma das referências atacantes da equipa, tinha um papel mais defensivo ainda que me lembre de ter feito jogos de 20 pontos e de ser um dos melhores triplistas das competições europeias.
Quando cheguei a Espanha (Balneario de Archena - EBA) tive um papel completamente diferente, era a principal referência ofensiva da equipa mesmo sendo o jogador mais novo e também o único estrangeiro. As coisas correram-me bem em Archena, fui considerado MVP do Grupo E e depois chamado pela primeira vez à selecção principal.
Em Plasencia (LEB Prata) aperfeiçoei a liderança e a organização ofensiva. Tínhamos uma série de ameaças no ataque e como sabemos não podemos agradar a gregos e troianos, mas no final atingimos o nosso objectivo, os playoffs. Perdemos 2-0 contra Illescas, onde jogava na altura o meu amigo e ex-colega de equipa Diego Sancho.
Estiveste presente no Campeonato Europeu de 2007 em Espanha, onde Portugal obteve a sua melhor classificação de sempre. Na tua opinião, quais foram as razões para este sucesso?
Penso que a nossa preparação para o Eurobasket2007 foi essencial para termos atingido a segunda fase da competição. Defrontamos equipas muito boas e com outra experiência internacional (Espanha, Rússia, Itália, França, Alemanha..), o que nos preparou, ainda que com mais derrotas do que vitórias, para o que íamos encontrar em Espanha.
No Eurobasket derrotamos a Letónia que, com a ajuda do triplo no último segundo do Marko Thomas no Croácia - Espanha, nos levou até Madrid. Na segunda fase perdemos com Rússia, ganhamos a Israel e terminamos a participação com uma derrota contra a Grécia.
Classificação final, 9º lugar à frente de seleções como a Turquia, a Sérvia, Israel ou Letónia.
Foi noticiado no final da época passada que tinhas assinado contrato com o FC Porto. Como recebeste a notícia de desistência da equipa sénior do FC Porto?
Fiquei sem palavras e triste com a situação. Mas a verdade é que quando se fecha uma porta, abrem-se outras.
Quais são os teus planos para a próxima época?
Na próxima época vou jogar no Jämtland Basket da Basketligan sueca. É uma equipa que na época passada não foi aos playoffs mas este ano pretendem atingir as meias finais do playoff e contam comigo para alcançar esse objectivo. À conversa com o treinador e com o general manager da equipa percebi que estão realmente animados e com altas expectativas para a próxima época. A pré-época já começou para os jogadores suecos e iniciar-se-á para os restantes, com um estágio na Eslovénia, dia 24 de Setembro, uma vez que os jogadores estrangeiros só poderão entrar na Suécia a partir do dia 1 de Outubro por motivos de contrato de trabalho. O campeonato joga-se a 3 voltas e começa a 5 de Outubro, em casa contra o KFUM Nässjö, terminando (fase regular) a 7 de Março, fora contra o 08 Stockholm HR.
Qual foi o momento mais feliz na tua carreira enquanto jogador de basquetebol? E qual o mais difícil?
Tive vários momentos felizes no basquetebol, como por exemplo:
- Todas as vezes que representei a selecção da Madeira no continente
- Em 1997 quando o CAB inaugurou o seu pavilhão
- Ter estado em dois campos de verão nos EUA
- Ter subido à equipa sénior do CAB
- A vitória na Taça da Liga com o CAB Madeira em 2005
- Ter jogado em Espanha
- 1ª internacionalização
- Participação no Eurobasket2007
- Supertaça e Taça de Portugal com a Ovarense
- Taça de Portugal com o CAB Madeira
E é possível que me esteja a escapar algum momento.
Como difíceis tenho a destacar a final da LPB 08/09 em que mal joguei e perdemos 4-0 contra o Benfica e todas as lesões que fui sofrendo e me impediram de jogar.
Quais são, na tua opinião, as qualidades mais importantes que os jogadores que ocupam a posição de base devem ter?
Visão periférica, altruísmo e liderança.
O que achas do site Planeta Basket?
É um site que fala de basquetebol & basketball. Está tudo dito!
Por fim, que mensagem queres deixar para os jovens leitores do site?
Percebam que os treinos só por si não são suficientes para atingirem objectivos altos no basquetebol. Se querem ser bons e jogar ao mais alto nível têm de trabalhar sozinhos, têm de trabalhar mais e têm de trabalhar melhor. Profissionalismo e bons contratos não caem do céu.