Lendo o último artigo de San Payo Araújo, pego numa frase deste mesmo artigo de Bento Jesus Caraça, “Um povo sem memoria é um povo sem futuro”, como modo de reflexão do nosso basquetebol.
O final do ano é sempre um momento de reflexão em relação ao que foi feito durante o decorrer do mesmo, sendo assim olho para o basquetebol português com alguma decepção, desilusão e apreensão, no entanto, tenho uma personalidade que me faz pegar no menos bom e rapidamente tornar o copo meio vazio em meio cheio. Devemos olhar urgentemente para o que de errado ou menos bom foi feito na nossa modalidade e corrigir e, acima de tudo, parar para ouvir todos os intervenientes e começar a reconstrução do basquetebol nacional.
Iniciativas como o “Match Up” que se realizou no passado dia 29 em Coimbra são de extrema importância, mas tão importante como este tipo de iniciativas é começar a passar das palavras para as acções, não é ficarmos “entusiasmados no momento” e depois mais uma vez nada é feito (embora tenho indicações que possa ser diferente desta vez, veremos). Atenção, penso que o basquetebol português (tal como o desporto em geral no nosso país) tem melhorado muito em algumas coisas, mas no essencial penso que temos vindo a perder todos os anos terreno e cada vez mais estamos fugindo daquilo que deveria ser uma modalidade praticada por todo o país, com uma base de formação muito larga, com equipas espalhadas de norte a sul e de este a oeste, com equipas seniores competitivas, com estruturas bem sólidas onde a modalidade fosse uma “economia” que poderia empregar uma série de profissionais das mais diferentes áreas.
Neste momento o nosso país tem das melhores gerações em termos de formação universitária, actualizadas com as novas tecnologias, conhecedores de várias línguas e com muita força para fazer a diferença, inovar e fazer evoluir um sector com um potencial enorme.
Mas isto tudo só fará sentido se as organizações que gerem a modalidade criarem condições para tal e, garanto-vos, que o problema que enfrentamos não está relacionado com a crise monetária mas sim com uma crise de identidade, mentalidade e de poder.
Tudo, a meu ver, tem que ser pensado, planeado e projectado com tempo, ouvindo todos e olhando para o que é de interesse real para a modalidade e não para interesses particulares. Dou o exemplo do projecto que construí em 2008, o Campos MVP.
Em 2013 iremos avançar com 5 novos projectos na área do desporto, sendo que 4 estão directamente ligados ao basquetebol e 1 ligado a todas as modalidades mas isto só foi possível porque em 2010 começamos a estudar, planear, visionar e trabalhar para que assim fosse. Neste momento, no final de 2012, estamos a trabalhar num evento internacional de basquetebol para iniciar-se em 2014, nunca feito em Portugal e exclusivo na Europa. Leva tempo a construir? Sim muito! Existem dificuldades e obstáculos? Imensos! Queremos e desejamos ouvir todas as partes e integrar todos os intervenientes? Só assim faz sentido!
Para 2013 desejo que, de uma vez por todas que a modalidade que tanto amo comece a direccionar-se no caminho correcto, onde todas as pessoas que tanto fazem por este desporto sintam que, mais do que a sua “carolice”, o seu esforço e dedicação seja compensado, que um jovem possa não só sonhar em ser jogador profissional mas realmente sê-lo, que a modalidade olhe para o atleta como o seu maior bem e que acima de tudo, ponhamos os nosso egos de lado e todos juntos possamos finalmente construir uma modalidade de todos, para todos e com todos.
Feliz 2013 e que seja o “ano 0” do basquetebol português.
Eu Vejo-te...
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