Na Ortigosa, aldeia dos arredores de Leiria vive o Basket Clube do Lis. Para percebermos como surgiu, numa terra em que a modalidade era desconhecida e como se foi afirmando este clube, fomos ouvir Luís Alfaiate.
Antes de falarmos do clube e dos seus objectivos gostaríamos que nos falasse um pouco de si e como começou esta ligação com o basquetebol?
Aquando da passagem pela Marinha, nomeadamente da prestação de serviço na Madeira, e pela proximidade com Orlando Marques (na altura jogador da Oliveirense a cumprir o serviço militar obrigatório), comecei a ter acesso a mais alguma informação acerca da modalidade, fundamentalmente pelo destaque, que era dado ao basquetebol pelo serviço televisivo na Madeira.
Já no Continente, e pela necessidade de algumas crianças da nossa zona praticarem desporto, e resultante da captação feita em escolas primárias pelo CARP (Clube Atlético de Regueira de Pontes), a minha filha foi uma das que foi jogar para lá, tendo eu feito desde o início um acompanhamento muito próximo da sua prática, desde o Minibasquete.
Em que ano e por iniciativa de quem surgiu o BC Lis?
O clube surgiu no ano 2002, motivado pelo facto de o CARP ser um clube direccionado exclusivamente ao minibasquete, e terminado este período os atletas não terem perspectiva de continuidade, suscitando assim o interesse de alguns pais poderem criar um clube que permitisse uma continuidade à prática desportiva dos seus filhos.
Porque escalões começou o clube quantos praticantes tinha e que escalões e praticantes tem atualmente?
O clube quando iniciou tinha apenas minibasquete e Sub 14 Feminino, contando com 28 atletas. Esta época desportiva temos os escalões de Minibasquete, Sub 14 Feminino e Masculino, Sub 16 e Sub 19 femininos e cerca de 70 atletas. Até 2010 o clube era predominantemente destinado ao género feminino, sendo a partir daí também feita uma aposta nos masculinos.
Manter um clube, custos de instalações e enquadramento dos praticantes é cada vez mais difícil, Quais são as vossas fontes de financiamento e as vossas principais dificuldades?
As principais fontes de financiamento resultam do apoio dos pais, de alguns eventos que vamos realizando, de pequenos patrocínios de empresas locais bem como dos apoios autárquicos que vamos recebendo.
Relativamente as dificuldades saliento o facto de estes apoios acima referidos serem cada vez menores, em comparação com o aumento gradual dos encargos que vamos tendo. Para dar um exemplo, os transportes que asseguramos de, e para treinos (aos atletas da freguesia e freguesias próximas para os dois pavilhões, uma vez que ambos se encontram fora da freguesia) são cada vez mais dispendiosos, bem como os custos administrativos com inscrições e taxas de seguro dos atletas. Nestes dez anos, o contributo dos pais, através da mensalidade, é o mesmo, enquanto que os custos de inscrições de atletas e equipas mais que duplicou.
Outra das dificuldades dos clubes afastados dos grandes centros são as deslocações para os jogos. Como são asseguradas as deslocações para jogos fora de casa no BC Lis?
Para todos os jogos as deslocações são realizadas através das carrinhas do Clube, em conjunto com o apoio dos pais, sem o qual seria impossível fazer face a um número cada vez maior de deslocações.
Quais são no imediato e no futuro os objectivos do BC Lis?
Nesta fase, os principais objectivos focam-se em sobreviver às dificuldades financeiras e à falta de apoios, procurando dar continuidade à oferta de prática desportiva para uma zona onde essa oferta não existe, continuando a dar a conhecer à região a modalidade do Basquetebol. Ter meios para continuar a captar atletas, aumentando assim a nossa base de praticantes, é um objectivo que continuaremos a perseguir.
Ouvir quem no terreno sente no dia-a-dia as dificuldades de manter um clube como o BC Lis é um dos nossos objectivos. Tem alguma sugestão que possa contribuir para a consolidação e fortalecimento de projectos como o do BC Lis?
Especialmente numa fase como a que atravessamos, este tipo de projectos só farão sentido se existir um envolvimento efectivo tanto dos pais, como das entidades e empresas locais, numa perspectiva de em conjunto se continuar a encontrar formas de dar a volta às dificuldades.
Na sua opinião como está a dinâmica do minibásquete no distrito de Leiria?
Ao longo destes dez anos o minibasquete cresceu imenso, vêm-se cada vez mais clubes e mais atletas.
Um aspecto que eu acho que poderia ser melhorado era, derivado do aumento de equipas e aletas, as concentrações deveriam envolver menos equipas, numa perspectiva de aproximação geográfica, definida logo à partida para cada época desportiva. Desta forma os minis jogariam mais tempo, e poderia haver um maior envolvimento de cada um nas concentrações.
Para finalizar gostaríamos que nos transmitisse a sua opinião sobre o Planeta Basket e nos dissesse que pergunta gostaria que lhe fosse feita e que resposta daria.
Os projetos como o Planeta Basket são importantes para continuar a divulgar o basquetebol e fazer chegar mais informações a todos os que gostam da modalidade.
Relativamente à pergunta, era se projectos como o BC Lis têm futuro?
Para responder a essa pergunta eu acho que será cada vez mais difícil devido, por um lado, a uma sociedade cada vez mais comodista e menos disponível a trabalhar para o associativismo desportivo, por outro às dificuldades que as empresas atravessam e por essa forma ser cada vez mais complicado o apoio ao desporto. Por último o próprio Estado acaba por colocar um pouco as responsabilidades nos clubes, quando deveria incentivar de outra forma os projectos relacionados com a formação.
Comentários
Ponto chave e verdadeiro. Complicado pedir aos pais dos atletas pedir mais dinheiro em tempos de crise. Os clubes querem ter atletas, não vão se dr ao luxo de subir as mensalidades sabendo que vão perder atletas ou mesmo que nunca lá tenham aparecido.
Procura-se um SENHOR "Luís Alfaiate" por terras de Bragança.
Em primeiro lugar quero publicamente agradecer ao facto de ter aceite responder à minha entrevista.
Apesar de ter passado pela Marinha apenas o conheci através do basquetebol. Nesta entrevista refere o Orlando Marques de quem curiosamente fui o primeiro treinador,
Aos dois um grande abraço