Escrevi no meu último artigo, que a competição na formação deve ser encarada como um meio e não como a finalidade em si. Assim sendo, esta não é boa nem má de per si, depende da forma como a encaramos. Pegando no episódio narrado pela Gilda Alves, num comentário ao meu artigo,
em que uma treinadora de minibásquete ensina o seu jogador, a quem foi chamado à atenção, pelo árbitro, que não devia agarrar a camisola do adversário, a puxar a camisola para baixo de forma a que o árbitro não visse, questiono-me se esta pessoa deve estar ligada à formação. Será que neste escalão a importância da vitória está acima de valores formativos e educativos?
Segunda estória real e bem recente. No meu discurso no final da 8ª edição da Festa do Minibásquete, mencionei que este evento era um espaço de aprendizagem para todos: jogadores, treinadores e árbitros. Também referi que os jovens árbitros presentes, e que fizeram um trabalho extraordinário, poderiam ter. como os jogadores, os seus pais na bancada e quão desagradável seria para estes verem os seus filhos insultados. A minha mulher, que assistiu no meio dos espectadores à cerimónia de encerramento e às minhas palavras, ouviu então nesse momento duma mãe o seguinte comentário: “Eles só têm de se habituar a serem insultados.” Como diria um professor, que eu tive em jovem “Alguns nunca aprendem”.
Para além das chamadas de atenção, gosto muito mais de realçar os aspectos positivos. Assim sendo não quero terminar este meu artigo sem repetir, que o trabalho dos jovens árbitros foi extraordinário. Houve jovens que tiveram que arbitrar muitos jogos por dia. O seu enquadramento foi excepcional, o que muito irá contribuir para a seu crescimento como árbitros.
Finalmente foi muito bonito ver, na cerimónia final quando entrou a delegação dos árbitros, apenas se ouvirem aplausos, não se ouviram, como em anos anteriores alguns poucos apupos e assobios. Desta vez não ouvi um único assobio. Como disse no artigo anterior, vale a pena sonhar.
Comentários
obrigado, mas sabe, é o hábito.
Foi bom ver depois destes episódios que esses pais mudaram de atitude. Sei que são uma minoria, mas se todos contribuirmos com um " acha que está a ser correto com o árbitro/treinador/atleta", podemos fazer que essa mesma pessoa depois de uns segundos de raciocínio a frio, mude a sua forma de estar no recinto desportivo. Por isso digo que "o sonho" vai tornar-se realidade.