Esta será talvez a entrevista mais difícil que alguma vez fiz, porque entre outras questões irei perguntar à presidente da Associação de Basquetebol da Madeira quais são as expectativas que tem sobre um futuro no qual também estou envolvido.
Contudo essa não é a única questão que será colocada. Vamos então conhecer um pouco melhor Sandra Rebolo, recentemente eleita para um novo mandato da Associação que já dirige há 12 anos e saber quem é a sua equipa técnica.
Sandra sabemos que és uma figura muito conhecida no meio do dirigismo do basquetebol, mas para quem não te conhece, queres nos dizer como começou a tua ligação e qual é a tua trajectória na modalidade até seres eleita pela primeira vez presidente da ABM?
Comecei a jogar basquete aos nove anos de idade no CAB e fiz parte das várias selecções regionais de Sub-14 e Sub-16 da Madeira tendo sido chamada aos trabalhos da selecção nacional de Sub-16 e Sub-19. Depois destas chamadas aos trabalhos da selecção nacional a minha primeira internacionalização foi alcançada na selecção de Sub-19. Fui a primeira atleta internacional de basquetebol da Madeira. Aos 19 anos, quando fui estudar para a FMH passei a jogar no Estrelas da Avenida tendo conquistado em 1991/92 o Campeonato Nacional da Primeira Divisão, Taça de Portugal e Supertaça. Em 1997 quando já tinha tirado a minha licenciatura em educação física foi convidada para desempenhar as funções de directora técnica da ABM. Voltando atrás aos dezasseis anos tirei o curso de árbitro, que exerci durante 3 anos e o curso de treinadora, tendo treinado várias equipas do CAB e no continente as Sub-14 do CIF.
Depois dessa trajectória o que te levou a candidatares a presidente da Associação e quais foram desde aí as tuas maiores alegrias e os momentos mais difíceis?
Em Junho de 2006, quando me encontrava destacada a tempo inteiro a leccionar na Universidade da Madeira, numa altura em que a Associação passava por algumas dificuldades, fui desafiada pelo Rui Adrião Ferreira do União da Madeira e pelo Sidónio Fernandes do CAB a candidatar-me a dirigir os destinos da ABM.
Os momentos mais difíceis passaram pelas dificuldades financeiras que a Associação estava a passar quando tomei posse e verifiquei situações de penhora sobre a Associação, pondo em risco o pagamento do ordenado dos seus funcionários. Quando as coisas pareciam estar a estabilizar surge a “Troika” com todas as suas implicações. Ao logos destes anos as maiores alegrias foram alguns êxitos conseguidos pelas selecções, pelos nossos clubes e pela internacionalização de jogadores e árbitros madeirenses.
Mas focando-me nos sucessos das nossas selecções, praticantes e árbitros passo a destacar: Em 2007 vencemos na ilha francesa de Guadalupe no escalão dos Sub-16 femininos os Jogos Internacionais das Ilhas. Para além deste feito, são de realçar ainda os pódios alcançados pelas nossas selecções femininas nas Festas do Basquetebol Juvenil e os títulos de campeã nacional na época de 2016/17 e vice campeã na época de 2017/18 no escalão de Mini-12 feminino na Festa do Minibásquete em Paços de Ferreira. Finalmente é sempre com grande orgulho e satisfação, que vemos praticantes e árbitros, nascidos para o basquetebol na Madeira alcançarem a sua internacionalização.
Novo mandato novos desafios como perspectivas os próximos quatro anos na tua Associação?
Perspectivo quatro anos de grande sucesso na medida em que, pela primeira vez, tenho dois directores técnicos de excelência, o Prof. João Freitas e o Cte San Payo Araújo. Com este quadro as expectativas só podem ser elevadas técnico e faz todo o sentido a realização do desafio de trazer o Jr NBA para a Região Autónoma da Madeira.
Sabes que a Associação que diriges é a primeira Associação do país a contar com um director técnico a tempo inteiro para o minibásquete?
Como sempre foi uma das minhas grandes apostas o minibásquete fazia todo o sentido contar com um director técnico para esta área a tempo inteiro. Não podemos esquecer que as suas funções não se limitam unicamente ao apoio aos clubes. Vão muito para além disto. O trabalho do San Payo abrange o apoio a todas as escolas do 1º ciclo, que aderiram ao projecto da ABM e ainda a formação e acompanhamento dos treinadores e professores das escolas. É com muito orgulho que sou presidente duma Associação que é pioneira na possibilidade de ter um director técnico a “full-time” para o minibásquete.
Como referiste tens na direcção técnica da tua Associação duas pessoas muito experientes o que te levou a tomar a decisão de formar esta equipa técnica?
Resolvidas as graves questões financeiras em que encontrei a Associação e ultrapassado os tempos difíceis da troika, penso que chegou o momento de dar o passo em frente. Esse passo em frente, que visa o aumento e melhoria dos treinadores e praticantes só era possível com pessoas competentes e de preferência com larga experiência. É para a ABM um privilégio contar com treinadores tão empenhados e experientes como o João Freitas e o San Payo.
Quais são no basquetebol os teus maiores sonhos para a tua Associação e quais as maiores dificuldades para realizar esses sonhos?
Um dos meus grande sonhos, e sonhos são sonhos, era entrar em pavilhões cheios de praticantes e assistências e todos compreendermos que o basquetebol é uma modalidade linda que contribui para a educação e humanização das pessoas. É um sonho difícil, mas como diz o poeta o sonho comanda a vida.
Na tua opinião qual é o estado do basquetebol na actualidade na tua Associação e no país?
Os momentos eleitorais em que se apresentam mais do que uma lista, são prova de vitalidade, mas também de alguma clivagem. Neste momento quero transmitir que sou e serei sempre Presidente de todos os clubes e se todos queremos melhor e mais basquetebol em conjunto, teremos de encontrar o melhor rumo para este desígnio. A nível nacional é de realçar a grande aposta que a Federação está a fazer na visibilidade da modalidade, mas esta também terá de ser acompanhada por um dos grandes objectivos da modalidade o aumento da massa crítica. Esse aumento passa entre outros factores por uma maior atenção ao minibásquete.
Com tantos anos e funções ligadas à modalidade o teu empenho é sobejamente conhecido consegues conceber a tua vida sem estar ligada ao basquetebol?
O basquetebol é parte integrante da minha vida. O basquetebol ajudou-me na minha formação e a ser quem eu sou. Adoro o que faço, mas pela importância que a modalidade tem na minha vida, pelas amizades que construi em torno do basquetebol, apesar da minha enorme paixão e dedicação, pelas razões referidas também posso dizer o que disse uma das grandes referências da modalidade o Prof. Olímpio Coelho. Em termos de formação pessoal e humana, “recebi mais do que dei e estou a dar à modalidade”.
Termino como habitualmente que pergunta gostarias que te fizessem e que resposta darias?
És feliz com o que fazes? A felicidade é talvez o maior bem e o mais importante na vida. Eu adoro esta modalidade e o que faço e isso faz-me muito feliz.
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forte abraço.