Divulgar bons projetos, nomeadamente de minibásquete, tem sido ao longo destes mais de dez anos de colaboração no Planetabasket, um dos meus grandes objetivos. De norte a sul do país, muitas foram as pessoas que já entrevistei. Contudo uma coisa tenho a certeza,
não há bons projetos sem pessoas competentes e empenhadas.
Há dois caminhos de desenvolvimento da modalidade uma é começar por baixo pelo minibásquete e a outra é começar por cima por uma equipa de seniores. Conheço casos de sucessos e falhanços a partir das duas perspetivas. Contudo raramente vi um projeto que conjuga as duas perspetivas de uma forma tão dinâmica e estruturada como o do Basket Santo André, motivo pelo qual é importante dar a conhecer as ideias e caras atrás deste dinâmico projeto, através duma entrevista ao Manuel Fortes presidente do BSA.
Antes de falarmos do projeto falemos um pouco de si, como começou a sua ligação ao basquetebol e qual foi a sua trajetória na modalidade até chegar ao momento atual?
Iniciei o basquete quando andava no 1º Ciclo, mais concretamente no 4º ano. No intervalo havia um senhor, chamado Afonso Domingos, que basicamente largava as bolas no recinto para que pudéssemos jogar livremente.
A partir daí, vou para o minibásquete no Estrela de Santo André e fico lá até atingir o escalão de juvenis. A etapa seguinte foi no Grupo Desportivo da Petrogal, onde integrei a equipa de juvenis e, mais tarde, a equipa de juniores.
É nesta fase que vou para a França, onde jogo basquete amador. Ainda no mesmo ano, regresso a Portugal e aí integro a equipa de basquete da Borealis durante cerca de 6 anos.
De seguida, vou jogar para Grândola no Clube Amigos de Basket de Grândola. Mais tarde, aceito o convite para jogar no Despertar de Beja. Após tudo isto, regresso ao Estrela de Santo André onde início o projeto de basquete de seniores em 2015. Em 2020, em plena pandemia de Covid-19, iniciamos o projeto BSA - Basquete de Santo André.
Por um clube a de pé, com esta dinâmica, requer muito empenho e dedicação, o que o motiva a dar tanto de si a este projeto?
O que me motiva, acima de tudo, é a alegria de ver as crianças a brincar/jogar basquete com condições de topo que eu nunca tive. Além disso, sinto um orgulho imenso na equipa de seniores por termos conseguido, em termos competitivos, chegar onde ninguém tinha chegado no litoral alentejano.
Sem investimento não há desenvolvimento, como encontrou recursos financeiros e humanos para desenvolver o clube?
Sendo eu empresário, a maior parte dos patrocínios anda à volta dos meus contactos de amigos empresários que, no fundo, são quem me tem ajudado a levar este projeto para a frente. Aproveito para lhes agradecer todo o apoio, não preciso referir nomes porque eles sabem quem são.
Já que falamos de recursos humanos quem são atualmente os treinadores do clube e como está estruturado o clube desde os seniores ao minibásquete?
O clube está estruturado do seguinte modo:
- Séniores Treinador Principal: Pedro Oliveira
- Treinador Adjunto / Coordenador da Formação: André Cruz
- Sub-18 Treinador: André Cruz
- Sub-16 Treinador: Liliana Coelho
- Sub-14 Treinador: Pedro Santos
- Minibasquete Treinadores: André Cruz / Diogo Casimiro / Nádia Fortes / Rúben Vaz / Álvaro Casimiro / Carlos Silva
- Sub-12 Feminino Treinadora: Liliana Coelho
- Diretora Geral Minibasquete: Susana Santos
- Seccionistas: Luís Vieira / André Alves / Alexandre Mota / Rui Cardoso / Pedro Silva
Departamento Clínico
- Médicos - Dr. Edgar Almeida / Dra. Leonor Gama
- Fisioterapeuta - Luís Sobral
- Departamento Marketing e Gestão da Comunicação: Rui Madeira / Inês Lobo / Daniel Pereira
- Coordenador Técnico: André Cruz
Quais são os objetivos a curto e a médio prazo para a equipa sénior?
O objetivo a curto prazo é chegar à Proliga e o objetivo a médio prazo é chegar à Liga dentro de 5 anos com uma equipa forte e competitiva e com jogadores do Litoral Alentejano integrados.
Quais são a médio e a longo prazo os objetivos para a formação?
Para a formação, o objetivo é conseguir chegar aos 200 atletas no Minibasquete, no nosso concelho e nos concelhos limítrofes, para que possamos ter uma boa base para alimentar os escalões de competição. Além disso, outro objetivo é apostar na formação contínua e de qualidade para treinadores e dirigentes.
Ainda na dinâmica das duas perspetivas abordadas na introdução a esta entrevista, quantos minis tem atualmente o BSA inscritos e quantas equipas de formação sem ser de minis tem o clube atualmente?
Nos Minis temos cerca de 80 atletas inscritos. As equipas de formação são 3 e contam com cerca de 45 atletas no total.
Sabemos que o crescimento e desenvolvimento duma modalidade não passa apenas pelo número de praticantes inscritos, passa por esse fator associado ao número de treinos e jogos que as equipas de formação fazem. Quantos treinos fazem os vossos minis e escalões de formação por semana e quantos jogos em média conseguem fazer por época?
Relativamente aos treinos dos Minis, estes são de 1h30m 3x por semana e nos restantes escalões de formação os treinos são 1h30m 4x por semana. No que diz respeito aos jogos, os escalões de formação fazem uma média de 30 jogos por época, exceto os Minis que fazem apenas encontros.
Nesta tarefa enorme que é desenvolver uma modalidade fora dos grandes centros urbanos, quais são as vossas maiores dificuldades?
A principal dificuldade é toda logística que envolve as deslocações para os jogos, devido à distância a que nos encontramos. Por exemplo, a distância mínima para fazermos um jogo com os escalões de competição é de 240 km.
Para a realização deste projeto, que apoios tem tido por parte da federação, associação, da câmara ou junta de freguesia?
O nosso maior apoiante neste projeto é a Câmara Municipal de Santiago do Cacém, sendo que a Junta de Freguesia se mostra disponível sempre que requisitamos os seus serviços.
A Associação tem prestado apoio na formação tanto de formadores como de juízes. A Federação tem apostado no litoral alentejano para a divulgação do basquete aqui na zona, o que nos tem ajudado direta e indiretamente.
Em conversas que tivemos compreendi que não está apenas preocupado com o seu clube, o seu conceito é bem mais alargado é desenvolver o basquetebol do litoral alentejano. Com que apoios, federativos, associativos ou camarários conta para o desenvolvimento desta ideia?
Como referi na resposta à pergunta anterior, os apoios de todas as entidades mencionadas têm sido bastante significativos para levar a bom porto esta ideia. Contudo, é de extrema importância conseguirmos envolver outras câmaras municipais do litoral alentejano, para além da Câmara Municipal de Santiago do Cacém, para ganharmos escala.
Finalmente termino, como de costume nas minhas entrevistas, que pergunta gostaria que lhe fizessem e que resposta daria?
Dentro deste projeto, qual seria o expoente máximo de satisfação/realização para si?
Para mim, o expoente máximo será ter, daqui a 10 anos, um atleta da nossa formação a representar a Seleção Nacional de Basquetebol. É sinal de que o objetivo primordial foi atingido.