Transmitir uma ideia, que depois passa a ter resultados comportamentais não é tarefa fácil, mas é muito compensadora, quando sentimos que fomos ouvidos. Um desses casos foi, posso dizer, do atualmente amigo, Jorge Rato, que conheci numa Festa do Minibásquete em Paços de Ferreira.
O principal ativo do basquetebol são indubitavelmente as pessoas, as mais e as menos conhecidas, mas de todas é importante ouvir o seu testemunho. Vamos então falar com Jorge Rato e a forma como eu o conheci.
1. Antes de passar a outras questões gostaria que nos falasse um pouco de si, da forma como entrou no universo do basquetebol e qual a sua atual ligação à modalidade?
Fui atleta na década de 90 num clube alentejano, o Juventude de Évora, nos escalões de formação, tendo sido na altura (em 1994) a primeira equipa alentejana a chegar a um apuramento para a fase final da taça nacional de cadetes. Depois por questões académicas e profissionais afastei-me da modalidade tendo regressado em 2015 quando os meus 3 filhos começaram a praticar a modalidade nos escalões de formação no NDA Pombal.
Pertencendo o clube a uma associação com falta de juízes em novembro de 2016 resolvi tirar o curso de árbitro. Com o meu espírito de ajuda e de entrega à modalidade no início de 2018 fui convidado para ser presidente do CAD da AB Leiria, cargo que mantive até 2019. Continuando a apitar até à época passada, neste momento sou o team manager da equipa onde a minha filha joga (sub-16) e atleta da equipa de veteranos do NDAP.
2. Foi em Paços de Ferreira que nos conhecemos, o que o levou à Festa do Minibásquete, que recordações guarda dessa sua primeira passagem por Paços de Ferreira?
No ano de 2016 o meu filho mais velho foi convocado para a selecção da AB Leiria, na altura uma única selecção mista, e aí tive o primeiro contacto com a Festa do Minibásquete. As recordações que guardo dessa primeira passagem são muito boas, foi uma experiência única, num ambiente fantástico e de ter conhecido pessoas formidáveis.
3. Quer nos contar a sua versão da forma como nos conhecemos e o impacto causado por esse primeiro contacto e conversa?
Foi durante um jogo entre a selecção de Leiria e a selecção de Viana do Castelo, onde me exaltei, e foi o treinador de Viana do Castelo, o Bruno Ferreira (que ainda continua a ser o seleccionador) que pediu a intervenção de alguém da organização. E foi nesse momento que conheci o meu amigo San Payo Araújo, que veio falar comigo de uma forma muito cordial e fazer-me ver que a minha atitude não era a mais correcta. Só lhe posso agradecer pois foi essa conversa de 10/15 minutos que mudou a minha relação com a modalidade para o que ela é hoje…
4. Desde então quantas vezes foi a Paços de Ferreira? Fale-nos sobre a estória das t´shirts e o que o leva a ser uma frequência tão assídua neste evento?
Desde o ano de 2016 fui sucessivamente a acompanhar os meus filhos nas diversas selecções onde estiveram presentes, e depois continuei o apoio à selecção da AB Leiria (mesmo já não tendo nenhum descente em nenhuma selecção). A ideia das t-shirts na altura foi da minha mulher e foi um sucesso dentro da comitiva dos pais da AB Leiria… diziam 100% AB LEIRIA na parte da frente e MAS RESPEITANTO TODAS AS SELEÇÕES nas costas.
Na verdade é o lema que acho mais adequado à Festa do Minibásquete, apoiando a nossa selecção mas respeitando todas as outras. Ainda este ano a usei…
5. Qual a sua opinião sobre a organização deste evento e que importância tem para o desenvolvimento do minibásquete?
É um evento muito bem organizado por pessoas que adoram a modalidade e quando assim é, só pode ser um evento de sucesso sendo muito importante para o desenvolvimento não só do minibásquete mas também para o desenvolvimento pessoal das crianças. São memórias e amizades que ficam para a vida das crianças que vão à Festa do Minibásquete.
6. Tem alguma sugestão que gostaria de fazer para melhorar a Festa do Minibásquete?
Mais diversão e menos competição. Perguntei às crianças qual foi o melhor momento da Festa do Minibásquete deste ano. Todas me responderam que foi o pós-arraial com a ida à piscina e a música ao vivo. São momentos como o deste ano que ficam para os miúdos. Sei que não é fácil, mas mais momentos como este seriam benéficos para melhorar a Festa do Minibásquete.
7. Agora entremos em perguntas mais generalistas, como vê o atual momento do basquetebol?
Custa-me muito dizê-lo mas não vejo com muitos bons olhos o actual momento do basquetebol português. As constantes guerrilhas entre os clubes/associações com cada qual a olhar unicamente aos seus interesses, não beneficia nada o futuro da modalidade. Depois a falta de referências no basquetebol também não contribui para atrair jovens para a modalidade. A falta de resultados desportivos ao nível das selecções é algo que preocupa, unicamente 3 presenças em campeonatos da Europa, ainda me lembro do 9º lugar em 2007, que pensei pudesse ser o catalisador para o impulso que a modalidade necessitava, mas tal não se verificou. Há que repensar o futuro da modalidade.
8. O que poderia ser feito para melhorar a nossa modalidade tem alguma sugestão?
Talvez seja tempo de dar um passo atrás e envolver mais os clubes nas decisões da modalidade. Teríamos de rever o número de estrangeiros por clube, o modelo competitivo da liga profissional também precisa de ser melhorado.
Reconheço o esforço que a actual direcção da FPB tem feito para divulgar a modalidade como sejam o caso da FPBtv e do campos de street basket um pouco por todo o país.
Nos tempos actuais, em que temos um atleta na maior liga do mundo, temos que conseguir atrair atletas e promover a modalidade. Exemplo disso foi a presença do Neemias Queta na selecção nacional e a quantidade de jovens a vibrar com a presença dele. Temos de aproveitar esses momentos.
9. Agora uma pergunta mais pessoal, nesta sua ligação à modalidade quais foram os momentos de maior tristeza e alegria?
O momento de maior alegria na minha ligação à modalidade foi a chamada da minha filha aos treinos da selecção nacional.
A maior tristeza foi quando apitei o meu último jogo...
10. Terminamos como habitualmente que pergunta gostaria que lhe fizessem e que resposta daria?
Gostariam que me perguntassem: Porquê esse amor à modalidade?
Porque pertencer a esta modalidade, é ser diferente, é pertencer a uma família com valores diferentes, é conhecer pessoas como o San Payo Araújo. Exemplo disso é a Festa do Minibásquete.