Carlos Caetano estreia-se esta época como treinador principal do Galitos FC. Depois de ter sido campeão da Liga Feminina em 2006/07, ao serviço do GD ESSA, este jovem treinador, que conta já no seu currículo com um campeonato nacional de juniores femininos (ESSA) e dois campeonatos nacionais de cadetes masculinos (FC Barreirense), abraça este novo projecto ao nível senior masculino, que começou de forma auspiciosa com o triunfo na zona sul do Trofeu António Pratas. Em entrevista ao Planeta Basket, Carlos Caetano fala-nos da sua forma de ver e pensar o jogo. A não perder.

 
Quais são os principais objectivos de Galitos para esta época?
 
Os Objectivos definidos, em Setembro, pelo Galitos FC para a época 2008-2009 passam por alcançar o 7º lugar na Fase Regular do Campeonato da Proliga, possibilitando assim a disputa do Play-Off, onde cada eliminatória é como que uma “final” para atingir a seguinte.
O troféu António Pratas - Zona Sul era um objectivo, de pré-temporada, que conseguimos vencer e que nos transmitiu motivação para enfrentarmos este longo campeonato. A Taça de Portugal foi, desde logo, encarada como uma etapa de aprendizagem, que serviria para adquirir experiência, na qual tentaríamos chegar o mais longe possível.

O Galitos FC pretende assim continuar a “ganhar” o seu espaço na Proliga, cimentando a sua posição no basquetebol Português.

Quais são, na sua opinião, os principais candidatos a subir à LPB e porquê?

Os principais candidatos que, para além de se terem assumido como tal, são aqueles que fizeram um investimento superior ao da maioria dos clubes que disputa a Proliga, nomeadamente o Illiabum e o Sampaense. Equipas que possuem um plantel consistente, com diversas opções e jogadores bastante experientes.
No entanto não posso deixar de acrescentar neste lote o Queluz, pelo potencial demonstrado, até este momento, pelos seus jogadores portugueses, que jogam no limite, demonstrando toda a força e agressividade da sua juventude.
 
Quais são os jogadores portugueses, que se vêm distinguindo nesta competição?
 
São vários os jogadores portugueses que se vêm distinguindo nesta competição, por isso vou optar por eleger um atleta de cada equipa: Jorge Sing (Sampaense), Pedro Loth (Angra Basket), Rui Quintino (Galitos FC), João Carmo (Sangalhos), Tiago Pinto (Eléctrico Ponte Sôr), Jorge Afonso (Queluz), Francisco Machado (Basquete Barcelos), Pedro Rocha (Seixal FC), Daniel Félix (Illiabum), Pedro Bagio (Atlético CP), Renato Lóio (Esgueira) e José Gomes (Maia Basket).
 
Quais são as principais dificuldades de um treinador que treina uma equipa de Proliga?
 
Penso que a maior dificuldade, da quase totalidade dos treinadores da Proliga, é o facto de “ser treinador de basquetebol” não ser a sua principal actividade profissional, mas sim uma função que se acumula com outra já existente.

Assim, os aspectos relacionados com a disponibilidade, bem como com a escassez de recursos humanos, logísticos e financeiros, que suportem toda a estrutura de um clube que disputa esta exigente competição (composta por pelo menos 32 jogos referentes à Fase Regular), são as principais dificuldades de quem lidera uma equipa da Proliga.

No caso específico do Galitos FC, o horário dos treinos (21h45 – 24h00) é também um obstáculo que temos que saber ultrapassar, uma vez que influencia o rendimento de cada elemento nas diversas actividades/funções que desempenha.

Está de acordo com o número de estrangeiros na LPB e na Proliga? Porquê?

Não. Considero que, uma vez que se acabou com a Liga profissional e se criou uma nova competição, entre 22 equipas que jogam entre si, não faz sentido permitir a 10 desses clubes terem a possibilidade de ter o 3º jogador estrangeiro nos seus plantéis. Sou a favor que na LPB e Proliga deviam ser permitidos igualmente 2 atletas estrangeiros por equipa, sendo que os orçamentos de cada clube fariam a diferença no valor individual dos jogadores a contratar.

Seria igualmente uma forma de proporcionar maior oportunidade aos jogadores portugueses, “obrigando” assim a melhorar o trabalho desenvolvido nos escalões de formação dos diversos clubes.

De todas as equipas que já treinou, distinga aquela que lhe proporcionou os melhores momentos na sua carreira?

Naturalmente os melhores momentos da carreira de um treinador coincidem com o atingir dos objectivos estabelecidos. Assim, vencer determinada competição é na maioria das vezes a parte visível do trabalho realizado ano após ano.

Nesta perspectiva o 1º título nacional de Juniores Femininos, como Treinador principal, alcançado em 1998-1999 ou a vitória na Liga Feminina em 2006-2007, ambos pelo GD ESSA, foram momentos únicos, que marcaram o meu percurso.
Mas considero que a equipa que melhores momentos me proporcionou foi a equipa de Cadetes Masculinos do FC Barreirense que treinei entre 2003 e 2005, e que venceu 2 Campeonatos Nacionais neste escalão. Curiosamente voltei a reencontrar alguns desses jogadores esta época no Galitos.
Guardo igualmente na minha memória pequenos “grandes” acontecimentos, do dia-a-dia de cada época desportiva, que ainda hoje, ao revê-los, me proporcionam alegrias sem conta.
 
Quais são as qualidades mais importantes que um jovem deve ter, na sua opinião, para se tornar jogador de basquetebol em Portugal?
 
As qualidades mais importantes para ter sucesso como jogador de basquetebol em Portugal são semelhantes às que ajudam a triunfar noutras modalidades ou nas actividades profissionais da nossa vida. Posso destacar: vontade (muita), espírito de sacrifício, uma boa gestão do tempo, perseverança, uma correcta definição dos objectivos individuais e gosto por aprender.
No basquetebol em particular, enquanto modalidade colectiva, é muito importante gostar de treinar e é crucial cada jogador saber sempre colocar o “Nós” à frente do “Eu”.
 
Se um jogador cometer um erro disciplinar como é que lida com a situação, esquecendo o problema ou fazendo desse jogador um exemplo castigando-o?

Obviamente que depende do erro e se é ou não uma repetição do mesmo. Mas por norma não costumo esquecer, nem fechar os olhos a situações de indisciplina. Considero sim que cada caso merece o tratamento adequado, sempre “olhos nos olhos” de acordo com as “regras” definidas com a equipa e para a equipa.

No que acredita como treinador, Carlos Caetano?

Acredito no trabalho, na frontalidade, sinceridade e honestidade entre todos os elementos que compõem uma equipa. Especialmente acredito que podemos ser sempre melhores naquilo que fazemos e que todos podem sempre dar um “passo em frente” para acrescentar algo na evolução do grupo.

No que se refere ao jogo, acredito que a chave do mesmo é a Defesa e a forma como esta se utiliza e se interpreta, aliada à vontade de lutar por conquistar a posse de bola e a partir dai concretizar o objectivo do jogo – marcar cestos.

O que gostaria de ler (ver) mais no site Planeta Basket? O que acha que pode ser melhorado?

Acho que o site se tem revelado uma agradável surpresa para os todos os amantes da nossa modalidade. Aborda de uma forma adequada o ponto de vista dos vários intervenientes no jogo, e dá-nos a conhecer o basquetebol nos vários cantos do mundo.

Gosto de ler as notícias, entrevistas, ver a galeria de fotos, e sublinho o importante facto de darem a conhecer aos nossos jovens os jogadores portugueses “referência”, que fazem parte da história da nossa modalidade e de incluírem o basquetebol - vertente cadeira de rodas nas vossas informações.

Sugiro, para melhorarem, que dêem ainda mais ênfase às competições nacionais dos diversos escalões e que possam fornecer em tempo real os resultados das mesmas.