O árbitro não deve ser visto como uma autoridade mas sim como mais um elemento que faz parte da estrutura do basquetebol.
Cada vez mais vivemos numa sociedade onde a figura da autoridade tem vindo a perder a sua importância, não tanto uma autoridade imposta sem espaço para dialogue mas acima de tudo uma autoridade que partilha valores e mostra caminhos através do respeito que merece ser encarada.
Ser árbitro é um papel extremamente importante no caminho que um atleta jovem percorre na sua formação desportiva e especialmente pessoal, e devemos encará-lo como alguém que, como qualquer um de nós, merece sempre o benefício da dúvida. Teoricamente, todos estamos de acordo com o acima escrito, mas na realidade o que se passa todos os fins de semana nos campos de basquetebol é bastante diferente. O mesmo passa-se em Espanha, Itália, França e noutros países, a contestação à figura do árbitro é constante e polémica.
Como treinador já fui muito contestatário com os árbitros, já exerci pressão, todas as faltas contra a minha equipa estavam quase sempre erradas, todas as faltas dos meus jogadores nunca existiam, e estava completamente errado, sem dúvida que existem faltas que não são marcadas e que as faltas que os meus jogadores fazem nem todas são, mas isso faz parte do jogo e da natureza humana.
Gostaria de ver um dia, durante um jogo, um jogador ao fazer uma entrada para o cesto completamente sozinho, ao falhar, o árbitro parasse o jogo e começasse a apontar o seu erro, a pressionar porque é que ele falhou algo que para todos é tão claro e evidente, como se pode falhar um lançamento na passada completamente sozinho? Ou o árbitro parar o jogo e questionar o treinador que está a perder porque é que está a errar tanto?
Penso que algo que deveria ser feito por todas as associações seria começar a organizar reuniões/encontros informais entre os árbitros/oficiais de mesa e os treinadores e/ou jogadores de modo a que se possam conhecer fora do enquadramento do campo de basquetebol, que possam falar abertamente sobre a modalidade, decisões e comportamentos de ambas as partes nos dias de jogo. Embora esta reflexão acima seja importante, é algo que poderia servir para o imediato mas não resolveria a relação comportamental.
Onde realmente nos diferenciamos dos países mais evoluídos em termos de basquetebol é o facto de onde existe falta de árbitros e, infelizmente, passa-se por todo o país a não presença constante de árbitros em jogos de formação, sendo até caricato por vezes à mesma hora de um jogo de iniciados ou cadetes, estar a decorrer um jogo de seniores e neste último haverem árbitros e no primeiro ninguém comparecer. Qual é a prioridade então? Onde está a estratégia a médio/longo prazo? Por onde devemos começar a construir a casa?
Somos um país onde temos árbitros de grande qualidade, internacionais, com presenças em fases finais dos mais importantes torneios internacionais mas temos que começar a perceber que para atingirmos um patamar elevado em todas as componentes da modalidade, essa evolução tem que ser transversal a todos os intervenientes, de modo a que todos possamos evoluir e que os jovens praticantes possam, acima de tudo, tornar-se adultos mais equilibrados e com um número maior de experiências positivas na modalidade, de modo a puderam causar impactos mais positivos e caminhos corretos.
Mais uma vez terá que haver uma reflexão a nível nacional, com todos os seus intervenientes, de todas as áreas de modo a que o nosso basquetebol finalmente tenha qualidade e acima de tudo seja equilibrado, construído de baixo para cima e que cobra todo o país.
Gostaria de deixar os votos de feliz natal a todos os leitores do Planeta Basket e todos os que amam esta modalidade tanto como eu, que o ano de 2012 seja um ponto de viragem neste desporto que nos une.
You know!
Este texto está redigido segundo o novo acordo ortográfico
Comentários
Já agora permita-me uma pergunta: - Se reclamava de tudo e mais alguma coisa, que moral tem para vir aqui, agora, com esta conversa da treta...
Para terminar dizer que os árbitros tem o PODER de expulsar treinadores e jogadores, algumas vezes injustamente. E os árbitros?! Quem os pode expulsar?! Pelos menos aqueles que são incompetentes, para não falar nos que são mal educados.
Eu posso sempre contrapor com o seguinte: se o jogador erra demasiado, é substituído ou não é convocado, se o treinador erra, na próxima época outro virá, etc, etc, os árbitros tem o direito de errar, de comprometer resultados, de fabricar resultados, e para o ano lá estão eles de apito na boca outra vez, até para errar de propósito, e isto perante o olhar complacente de quem manda neles... Noticias várias de chicotadas psicológicas nas equipas, noticias varias do treinador X que deixou de contar com o jogador Y, os árbitros coitados, não se lhes pode apontar o dedo, ainda que muitos sejam prepotentes, arrogantes, incompetentes e corruptos.