Para publicarmos mais um depoimento de profundo sentido humano de San Payo Araújo, interrompemos esta semana a publicação de mais uma parte do excelente artigo de Pablo Esper sobre o Direito das crianças,
com a promessa que este será retomado na próxima terça-feira. Hoje em nome do Planeta Basket apresentamos as nossas mais sinceras condolências.
Palavra mãe
Palavras gastas pelo tempo perdem sentido
Palavras, frases que se perdem na bruma
Tempo de Mãe jamais é tempo perdido
Por mais que as palavras estejam gastas…
Se desfaçam em espuma
Mãe há mesmo só uma
Dia da mãe 1996 António San Payo Araújo
Ainda não tinha acabado de enxugar as lágrimas pela recente morte do meu pai, já estou em momentos de recolhimento e silêncio a chorar o falecimento da minha mãe. Sinceramente não sei se são as adversidades, que nos tornam mais fortes, contudo sei que são os valores, frutos da educação que tive e nos quais acredito e pelos quais luto, que me marcam certamente tanto como os genes, que me foram legados pelos meus pais. Esta será uma eterna discussão por resolver, qual dos dois factores terá mais influência e peso naquilo que somos.
A minha vida, de tal modo se mistura com a dedicação ao ensino e treino do basquetebol, que uma vez mais, foi o raciocínio de treinador, que me está a ajudar a superar este vazio e esta dor do desaparecimento da minha mãe. A vida de treinador é pautada por épocas desportivas e nesta época 2014/15 já tive de saber lidar com duas grandes derrotas, (o falecimento dos meus pais Sebastião e Ruth) e celebrar duas grandes vitórias (o nascimento das minhas netas Vera e Maria do Mar). É decididamente o ciclo da vida.
Termino esta breve dedicatória à minha mãe, (que para além de uma grande mãe, pelos testemunhos que me foram dados por muitas alunas do Instituto de Odivelas, onde leccionou inglês e alemão muito anos da sua vida, foi uma grande professora e pedagoga), como comecei: com uns breves versos, e com a mensagem que a melhor homenagem que poderei fazer aos meus pais enquanto aqui andar, é fazer tudo para ser feliz.
A magia na arte de ser mãe…
Só a mãe…
Esse olhar
eternamente
terno
que noite
após noite
não poupa
o coração
Só a mãe...
Ternamente
eterna
consegue
vigiar a vida
passo
após passo
Só a mãe…
Existe
fora do tempo
fora do espaço
Dia da mãe 1998 António San Payo Araújo
Comentários
Sou Antiga Aluna do IO e conheci a sua Mãe, apesar de nunca ter sido minha professora.
M.Margarida Pereira-Müller
Antiga Aluna 244/1967
Quero agradecer-vos os vossos comentários e aproveitar este espaço para publicamente transmitir a todas as pessoas, amigos e familiares, o meu enorme agradecimento pelas mensagens que por me enviaram por diversos meios e formas.
Um obrigado do tamanho do mundo.
Querido amigo e grande treinador-formador San Payo Araujo: Em momento, como confessas, de vazio e de dôr, que dedicar-te para minimizar, para além de sentidas condolências? Rebusquei e encontrei um naco de prosa filosófica de Garcia Morente : "Os valores não são, mas valem. Uma coisa é valor e outra é ser. Quando dizemos de algo que vale, não dizemos nada do seu ser".
Disseste-o tu de forma eloquente e sentida, em hora de despedida, meu caro !
Como amigo, daí o pretexto para dizer presente, o desejo sincero de, como tu próprio referes, com raciocínio de treinador conseguires ultrapassar mais este obstáculo.Aquele abraço costelar,